Crítica: Caro Francis

Sim, o filme ainda não estreou mas aqui você já tem a crítica, assim sabe o que é que deve ver...

Hoje a crítica do filme "Caro Francis" um filme a respeito de Paulo Francis dirigido por: Nelson Hoineff

 Sim, polvilhas e polvilhantes,

É um prazer para o autor deste blog antecipar a estréia do filme "Caro Francis" e publicar a crítica exatamente um dia antes do filme ir às salas de cinema deste "Brasil nem-tão-varonil"...

Paulo Francis, para quem não sabe, foi um dos principais jornalistas que este país já teve. Eu nem sou muito fã de jornalismo mas para quem é, Paulo Francis é um destes tótens que dão rumo à sua profissão.

Impetuoso e polêmico, Paulo Francis começou sua vida profissional nos confins do teatro brasileiro, primeiro aventurando-se como ator para, posteriormente, aventurar-se (com muita categoria) como crítico teatral.

Iniciou sua vida profissional como um cara de extrema esquerda. Terminou como um cara de extrema direita. Só isso já valeria um filme.

Não vou contar Pasquin, Folha de São Paulo, Estadão, Globo nem GNT...

Enfim, um cara que realmente merecia um filme. Pena.

Pena porque o filme de Nelson Hoineff não apenas perde a oportunidade de contar a quem não conhece quem realmente foi Paulo Francis (basta dizer que a ditadura é citada uma vez durante todo o filme) como perde a oportunidade de não ter sido feito filme algum.

O filme comete falhas que eu, como mero ator, não cometeria. Falha na captação de som fazem com que o espectador tenha momentos de surdez temporária seguidos por momentos onde não se ouve. E, claro, momentos onde está tudo normal.

O roteiro comete o erro de dar voz a muita gente, perde-se neste ínterim e não e o espectador fica sem saber o que é realmente importante no filme. Há momentos em que você (se for ver o filme) dará gargalhadas sem notar o que o entrevistado diz. Isto porque um cãozinho simpático toma conta da cena ali, no canto esquerdo de quem olha o sofá (não se preocupe, você se lembrará disso por toda a vida, só não se lembrará do que estava sendo dito ali...).

Não considero Diogo Mainardi jornalista. Claro, isso é problema meu, mas acho um erro considerá-lo um especialista em Paulo Francis.

Toda a preocupação que o filme de Lula tem em não transformá-lo em herói (crítica aqui ) este filme tem em considerar Paulo Francis o maior de todos. Não que eu ache um erro esta escolha. Mas ela trás consequencias...

Aqueles que deveriam elogiar Paulo Francis (como o ex-presidente FHC) acabam por passar a imagem de um homem que não tem preocupação naquilo que diz. Sendo assim Paulo Francis deixa de ser um jornalista de referência para ser apenas um "ele é assim mesmo, hoje diz isso amanhã diz o contrário" (palavras de FHC)

Enfim, a cena do cachorro é hilária, mas não vale o ingresso. Ainda que seja como o meu, de graça... Até porque a cena que é engraçada não deveria ter sido.

Ao final uma demonização da Petrobrás mostra algumas coisas. Entre elas a ignorância de certos intelectuais, como Mainardi dizendo que a estatal não poderia processar Paulo Francis por ele ter dito que os diretores são ladrões. Para o 'jornalista' os diretores deveriam processar sem o dinheiro da estatal.

Posso estar errado mas denegrir a imagem dos diretores de uma estatal ou privada parece denegrir também a imagem da empresa, mas não sou genial como Mainardi. Nem culparia um processo pelo infarto de ninguém .

Anyway, concordando ou não, gostaria muito de ler uma crítica do Paulo Francis ao filme. Não seria tão polida quanto esta e certamente seria muito mais genial (sem ironias).